João Campos tem 52% e Raquel Lyra 30% na disputa pelo Governo de PE, diz Datafolha
A disputa para o governo de Pernambuco em 2026 ganha contornos cada vez mais definidos, com a recente sondagem indicando vantagem significativa para o candidato que lidera. De um lado está o prefeito do Recife, com mais da metade das intenções de voto em cenário estimulado. Do outro, a governadora tenta enfrentar esse avanço com estratégias voltadas à sua base, enquanto tenta amenizar a margem de diferença. Esse embate revela não apenas uma luta entre nomes, mas uma reorganização política que pode redesenhar o panorama local. A dinâmica em Pernambuco torna-se rica em nuances, com cada movimento observando ganhos de terreno e sustentação de base.
A sondagem aponta que o candidato à frente alcança 52% das intenções no primeiro cenário estimulado, enquanto a governadora registra 30%. Essa folga de 22 pontos sinaliza uma folga que, embora expressiva, ainda exige confirmação em campo. Vale lembrar que as eleições não se resolvem apenas por projeções quantitativas: mobilização, alianças e performance de campanha contam muito. A governadora, por sua vez, aparece em situação de vulnerabilidade, sobretudo ao observar a estrutura de apoio nos territórios mais favoráveis ao adversário. A aparente liderança sólida pode, no entanto, esconder fragilidades que podem ser exploradas pelos opositores.
Entretanto, quando o questionamento parte de forma espontânea — ou seja, sem que os entrevistados recebam previamente os nomes — o quadro muda substancialmente. Nesse cenário, ambos os competidores estão tecnicamente empatados, compartilhando cerca de 23% das menções. Isso demonstra que a vantagem expressiva apresentada no estímulo pode estar relacionada à lembrança ou exposição de um dos nomes, enquanto no reconhecimento livre a governadora mantém fôlego. Essa diferenciação entre estímulo e espontâneo oferece pistas importantes sobre o grau real de penetração de cada nome no eleitorado pernambucano.
Essa divergência entre lembrança assistida e lembrança espontânea sugere que a governadora, apesar da margem inferior no cenário estimulado, ainda possui nichos de base e potencial de reação. Por exemplo, a aprovação de sua gestão atinge 57% dos entrevistados no Estado, com desempenho mais elevado no interior. Esse dado sugere que há capital político acumulado, embora ele ainda não se converta em liderança consolidada na disputa majoritária. A tarefa para a equipe da governadora, portanto, inclui converter essa boa avaliação administrativa em intenção de voto expressiva — o que é historicamente um desafio.
Por outro lado, para o prefeito que lidera, o principal obstáculo não é a vantagem atual, mas a capacidade de expandir essa margem até a votação, incluindo manter engajamento, evitar desgastes públicos e contornar ataques. O primeiro turno lhe favorece, ao menos por ora, mas a corrida ainda está aberta. A condução da campanha, os debates, os ataques e a resposta à oposição terão um peso decisivo. Ainda que os números pintem quadro favorável, a margem não representa imunidade — há histórico no Brasil de recuperações eleitorais de nomes que começaram atrás.
Ademais, a governadora demonstra maior força em áreas fora da Região Metropolitana, enquanto o adversário possui base mais consolidada no Recife e arredores. A geografia eleitoral importa bastante em Pernambuco, pois o interior representa fatia expressiva do eleitorado. Se a governadora conseguir mobilizar estes nichos, diminuir o afastamento, e incrementar sua presença em regiões estratégicas, poderá modificar o panorama. Nesse jogo, o adversário precisará evitar que essas bases percebam oportunidade e reagrupem.
Do ponto de vista estratégico, a necessidade de reforço da governadora está em reverter sua boa avaliação de gestão em motivação para a urna. Isso significa intensificar a narrativa de entrega, dar visibilidade aos resultados alcançados, e demonstrar que aquela aprovação traduzirá voto — não apenas satisfação. Para o adversário, sustentar a vantagem requer transformar número em voto, o que exige atenção aos discursos, aos possíveis vetores de crítica e ao ambiente de campanha. Em tempos de redes sociais e exposição permanente, todo deslize ganha repercussão.
Finalmente, essa disputa em Pernambuco torna-se até aqui um dos marcos para o entendimento da política estadual para os próximos meses. As eleições de 2026 assumem o papel de momento definidor, onde alianças, mobilização, presença local e performance dos nomes envolvidos vão definir mais do que as intenções pontuais: definirão quem, de fato, se conectou com o desejo do eleitorado. E nesse contexto, tanto quem lidera quanto quem corre atrás precisam estar atentos aos detalhes, porque vantagem hoje não garante vitória amanhã.
Autor : Theodor Sturnik








