Ignorar o setor técnico: o erro que custa caro (e quase sempre vem disfarçado de agilidade)
Existe um padrão silencioso nos bastidores de empresas que quebram: o setor técnico alertou. Mas não foi ouvido.
Parece exagero? Pergunte a qualquer profissional de finanças que já tenha vivido um colapso interno. Os sinais estavam lá. A projeção não fechava. O fluxo de caixa dava sinais. O risco era claro. Mas a decisão já tinha sido tomada — com base em urgência, ego ou intuição.
“Já participei de reuniões onde o alerta técnico foi tratado como excesso de cautela. Meses depois, a empresa entrou em crise”, diz Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação e inteligência financeira. Para ele, o problema não é errar — é não querer ver.
Robson é direto: empresas que tratam o time financeiro como freio estão condenadas a decisões ruins. O time técnico não está lá para barrar o avanço. Está lá para garantir que o avanço não vire queda livre.
Ignorar a área técnica é mais comum do que parece. Acontece quando:
- A diretoria decide sem consultar dados de impacto;
- Se assume que “dá pra ajustar depois” e ninguém simula cenários negativos;
- Projeções otimistas são priorizadas sobre o que os números realmente indicam;
- O financeiro vira o último a saber — quando já não há mais o que evitar.
“O líder técnico não está dizendo ‘não’ porque quer parecer seguro. Ele está dizendo ‘não assim’ — e oferecendo um caminho viável. Quando a empresa não escuta, não é só a decisão que falha. É a cultura que desorganiza”, afirma Robson.
O mais grave? Quando os impactos chegam, o setor técnico é chamado para apagar o incêndio. Tarde demais. Os custos já subiram. A credibilidade foi comprometida. A margem evaporou. E o plano, que parecia tão “estratégico”, mostra que não tinha base nenhuma.
Robson destaca que as melhores empresas não apenas ouvem o financeiro — elas envolvem o time técnico desde o início. São aquelas em que a inovação é construída com planilha, os riscos são mapeados com frieza e os planos de expansão têm back-up financeiro antes de virarem anúncio no LinkedIn.
A lógica é simples: quem antecipa não remenda.
E o setor técnico existe pra isso: pra antecipar, testar, sustentar e proteger.
“Pode parecer menos empolgante seguir o caminho mais seguro. Mas empolgante mesmo é continuar crescendo, ano após ano, sem precisar apagar incêndio atrás de incêndio”, finaliza Robson.
Autor: theodor sturnik